sábado, 25 de junho de 2011

Mais perguntas que respostas

(Leoni)



A noite entreabre a porta
Pro sol que já vai entrar
E eu tenho mais perguntas que respostas
A vida me surpreende
E o dia vem me lembrar
Que todo dia é tudo diferente
Do sudoeste vem chuva
E um sentimento de paz
De noite a gente se escuta muito mais
O céu invade a varanda
E eu deixo a alma no escuro
E ainda me espanto
Com o quanto eu deixo de notar
O sol escala as encostas
Enquanto eu tomo o café
E eu tenho mais perguntas que respostas
Tem tanta gente no mundo
Vivendo vidas seguras
Será que só eu me sinto tão confuso
Eu encho a alma de sustos
De vaga-lumes e estrelas
E fico feliz por nada ou quase tudo
Me sinto meio antiquado
Pensando tanto em família
Vivendo cercado de poucos bons amigos
Eu acredito em bondade,
Amor e honestidade
E o que me importa
São mais perguntas que respostas
A noite encosta a porta
O sol desperta a cidade
E eu planto mais perguntas que respostas

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Para o meu Namo

Hoje, na hora do almoço eu fui numa livraria procurar um livro do qual o meu chefe tinha falado por 3 vezes comigo - eu fiquei curiosa! Era um livro sobre a história do Brasil, contada por um tal Eduardo Bueno. Cheguei lá, procurei o livro e lá estava ele na prateleira: bonito, grande, cheio de imagens e com um texto interessante também. Mas custava quase 70 reais... que eu não tinha. Então recoloquei o livro na prateleira e, quando estava indo pra saída, passei por um stand com livros de poesia e contos. Peguei um da Clarice Lispector, que se chama "A descoberta do mundo". Abri, folheei rapidamente e parei pra ler um trecho, depois outro, depois outro... fui lendo e percebi que aquelas palavras estavam me convidando - não convidavam a comprar o livro, mas sim à escrever.

Deixei o livro no stand dele e saí da livraria pensando que, neste momento da minha vida, eu não quero ler a história que alguém escreveu: eu quero escrever a minha própria história. Eu quero contar o que eu estou sentindo com as minhas próprias palavras, e não ficar sentada lendo o que as palavras contam sobre pessoas estranhas.

Eu senti que estou vivendo pra mim, tomando decisões pra minha vida. Eu percebi que não importa o quanto significativo seja o que as pessoas têm pra me dizer, eu quero ouvir as minhas próprias palavras neste momento, lembrar da minha própria história.

Andei pelas ruas, de volta pro escritório pensando nisso. E passei o resto da tarde pensando na minha vida, lembrando de muitas coisas e de muitas pessoas. 
Lembrei de momentos como quando era bem pequena e machuquei, sem querer, uma amiguinha, com um brinquedo, e fiquei chorando abraçada com ela. 
Lembrei de fechar os olhos muito forte e conversar com Deus pela primeira vez, enquanto ouvia os gritos dos meus pais brigando. 
Lembrei da minha mãe cantando na cozinha do trabalho dela, e do cheiro de biscoito doce que vinha de dentro do forno. 
Lembrei das amigas da escola, no dia em que prometemos nunca nos separar - por onde será que elas andam hoje? Faz tanto tempo... 
Lembrei das sextas feiras em que eu ajudava a minha mãe a servir a mesa dos patrões. 
Lembrei de tardes na varanda daquele prédio em Copacabana, esperando o sol andar só mais um pouquinho, deixar a cadeira na sombra pra eu poder sentar e estudar química orgânica pro vestibular (olhando de vez em quando pro Cristo em cima do Corcovado e pedindo "Senhor, me ajuda a entender essa meleca"!) 
Lembrei da primeira vez em que fui numa boate com uma amiga, tropecei e caí sentada de bunda na escada, bem na frente dos meninos mais bonitinhos da festa... que desastre! 
Lembrei de ver meu irmão chorando quando minha mãe tinha de deixá-lo na instituição... e de sentir doer meu coração...
Lembrei dos bebês dos quais cuidei com tanto carinho... suas mãozinhas no meu rosto, suas vozes fofinhas e risadas contagiantes...!
Lembrei dos passos de dança que aprendi nas aulas de bolero.
Lembrei do dia em que quase morri afogada na piscina do clube, aos 9 anos! 
Lembrei da minha avó me ensinando a fazer trança no rabo do meu pônei de brinquedo. 
Lembrei das brigas que tive com o Enzo pelo msn, e das reconciliações no dia seguinte, na faculdade, com abraços e rodopios no meio do corredor.
Lembrei de ensiná-lo a fazer Moonwalker no mesmo corredor do 3º andar, de dar estrelas e saltos com o Guilherme no corredor do 4º andar, de lanchar tantas vezes com a Bárbara no corredor do 5º andar, de desistir pra sempre da faculdade no 2º andar e de reconsiderar essa decisão no térreo, depois de conversar com o Fernando.
Lembrei dos piqueniques no jardim da faculdade, das maquetes, dos comandos do AutoCAD...
Lembrei de ter ido ao show do Bon Jovi com a Walquiria, depois no show do Oasis, depois no do Guns n' Roses. 
Lembrei da primeira vez que fui dormir às 4h da manhã, morrendo de rir com as histórias da Gerusa e da Viviane, e da última vez em que fui dormir à essa hora, chorando de desespero com o meu trabalho final!! 
Lembrei da faxina que fiz junto com a Thaís e a minha mãe no apartamento novo, de me sentir cansada e feliz no fim do dia.
Lembrei das viagens pra Cabo Frio, Barra de São João, Vassouras, Quissamã, Paraty, São Paulo, Petrópolis... Teresópolis!


Lembrei da Torre Eiffel... e lembrei de uma carona até o metrô, no carro de um amigo que me apresentou ao dono dos olhos mais lindos do mundo...

Agora eu me lembro da primeira vez em que subi num palco... e isso me emociona tanto! Naquela noite, em outubro de 1998, eu estava destinada a ser sua. A vida foi seguindo e me levando... eu poderia ser uma folha num rio... um rio que chegou no oceano e uma folha que o atravessou, pegando um atalho pela Avenida Lineu de Paula Machado, 795.

É verdade, eu não sei por quantos caminhos a minha vida ainda vai me levar. E de que adiantaram todos os meus planos, se tudo foi sempre uma surpresa? E hoje parece que tudo foi sempre tão bom, tão bonito... mesmo as partes mais difíceis.
Agora, como antes, como sempre, eu não sei o que vai acontecer. Como o livro da Clarice, eu estou descobrindo o mundo, o meu mundinho. E me sinto feliz por sentir que o rio ainda me leva... que a minha vida não parou, que ainda há surpresas no meu caminho...

E que você vai ser sempre a mais especial de todas elas...

Te amo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Miracle

(Jon Bon Jovi)






A penny for your thoughts now baby
Looks like the weight of the world's
On your shoulders now
I know you think you're going crazy
Just when it seems everything's
Gonna work itself out
They drive you right back down
And you said it ain't fair
That a man walks
When a bird can fly
We have to kick the ground
The stars kiss the sky
They say that spirits live
A man has to die
They promised us truth
Now they're giving us lies
Gonna take a miracle to save us this time
And your savior has just left town
Gonna need a miracle
'Cause it's all on the line
And I won't let you down
(No I won't let you down)
The river of your hope is flooding
And I know the dam is busted
If you need me I'll come running
I won't let you down... no, no
You're looking for salvation
You thought that it'd be shining
Like an angel's light
Well, the angels left this nation
And salvation caught the last train
Out tonight
He lost one hell of a fight
He said
I'm just one man, that's all I'll ever be
I never can be everything you wanted from me
I've got plans so big
That any blind man could see
I'm standing in the river
Now I'm drowning in the sea
Gonna take a miracle to save us this time
And your savior has just left town
Gonna need a miracle
'Cause your heart's on the line
And your heartbeat is slowing down
Your feet are grounded still
You're reaching for the sky
You can let 'em clip your wings
'Cause I believe that you can fly
Well my eyes have seen the horror
Of the coming of the flood
I've driven deep the thorny crown
Into the soul of someone's son
Still I'll look you in the eye
'Cause I've believed in things I've thought
And I'll die without regret
For the wars I have fought
Gonna take a miracle to save you this time
And your savior has just left town
Gonna need a miracle
'Cause your heart's doing time
And your conscience is calling you out
It ain't all for nothing
Life ain't written in the sand
I know the tide is coming
But it's time we made a stand
With a miracle...

[Não existe outra música mais perfeita para este momento...]

sábado, 28 de maio de 2011

mais um outono...

Nestas manhãs de outono, cinzas manhãs de outono, caminhar por estas ruas traz lembranças doces e tristes.
A inocência de outrora ainda está guardada nas tatuagens feitas nas árvores. Registros de dias felizes, onde as nossas manhãs eram tão cinzas quanto estas, mas tínhamos cores dentro de nós.

E coloríamos com sorrisos as ruas e os passantes, que riam-se também de nossos risos. Nossas vozes cantavam as alegrias dessa cidade, que hoje parece morta. E o nosso canto falava de sonhos, falava do impossível. Cantávamos uma vida surreal, que só existia longe, distante... tão distante que jamais pudemos alcançá-la.

O chão de areia era tão frio quanto hoje, mas nos aquecíamos em nossos jogos de faz-de-conta. O mar sussurrava impropérios mais amenos, aos quais nem dávamos atenção, e o vento, que criava formas arquitetônicas nos teus cabelos, hoje parece soprar em uma só direção: a direção que afasta aqueles dias felizes cada vez mais para o passado...

Olhar este céu castanho me faz lembrar os teus olhos. Vejo a tempestade se formando e relembro aquele último instante. Ao que a chuva cai, as lembranças se encharcam e pesam dentro de mim. As lágrimas que eu chorei nas tuas mãos caem agora sobre o teu rosto, num retrato em sépia. E sinto-me vazia de qualquer emoção. Sinto-me vazia de você.

Dias felizes, dias tristes... dias passados.

O tempo coloca outros dias sobre aqueles nossos dias. Enterra-os sob tantos dias que se passaram desde então. E a cada novo dia, enterra profundamente um dia sob o outro, mas as lembranças não se destroem. E mesmo que os dias de hoje, os novos dias, estejam na superfície das nossas vidas, a tatuagem das árvores não se desfaz.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Senseless / Insane

Não faz sentido essa lágrima
Uma mancha sobre o sorriso
Não faz sentido essa dor
Coroando estes sentimentos.

O Oceano faz ainda menos sentido...
E as chagas que ele faz abrir 
Sobre toda essa beleza,
Não fazem sentido nenhum.

Há muito desafiei o tempo
Num jogo simples e sem sentido,
Onde eu ditei as regras
E marquei todas as cartas.
Agora que estou ganhando
Vacilo...
Entre a tristeza e o riso,
Estou me contorcendo
Dentro de uma coreografia
Insana.

Passos contados, estagnados.
A minha dança cessou
Mas o tempo segue,
Em todos os sentidos.

O tempo faz chorar o vento
Nas frestas entreabertas
Das minhas janelas.
E o vento faz bater todas as portas
Com um barulho ensurdecedor,
Contra mim, a meu favor,
E já não sei qual delas abrir...
Já não sei se quero sair...
Se há tempo ou se não há.

Deixei de escolher as portas.
Deixei de escolher as escolhas.
Deixei de fazer poesia
E meu caderno, sobre a cama,
Amarelou-se,
Porque deixei o tempo passar...

Agora o riso é insano...
Assim como a lágrima,
Assim como as dores,
Assim como o Oceano
E todas as suas chagas...
Assim como nós:
Nossos dramas e nossa beleza.

Até nossa pureza é insana.
Assim como todas as coisas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tarde

Eu não tenho identidade.
Deixei de ser eu pra ser tua.
E não fosse a nudez dessa verdade
capaz de descobrir
além dos meus seios,
também aquele meu eu que nem eu
sei bem onde habita,
eu esconderia o que sinto
no fundo da alma
onde o coração palpita.

Eu não tenho identidade.
Sou muda, cega, não ouço.
Meu caminhar segue teus passos,
meus pensamentos, a tua voz.
E eu respiro, apenas...
O ar que você me sopra.

Distante dos braços que amo,
metade.
Envolta por eles,
una.