terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Verão .11

Faz 30º à sombra

na Cidade Maravilhosa.

A luz do sol

entrecortada pelas árvores,

não é mais intensa

do que este vazio...

Longe, muito além

do escândalo das cigarras

enlouquecidas,

cantando suas últimas horas,

meus pensamentos me levam

aonde eu quero estar:

nos braços do amor

que eu vivi e vivo,

ainda,

a esperar.

O cheiro dos jasmins nas ruas

me lembram

que o torpor embaça a razão,

assim como embaçada fica a visão

do trânsito parado adiante,

quando o calor faz tremer o ar que escapa,

que foge,

como eu gostaria de fugir.

Esta cidade nunca esteve tão bela,

tão quente.

Os Arcos da Lapa nunca foram tão brancos.

O mar da Barra nunca foi tão cristalino.

Nenhum dos dias da minha vida passou em vão.

A saudade nunca esteve tão presente.

E essas horas nunca foram tão mesquinhas...

Eu fecho meus olhos

para não testemunhar

a felicidade desses dias de verão.

E quando o sol se põe

e eu tenho essa sensação

de ter sido vencida

pelo cansaço, pelo tempo,

eu fecho os meus olhos,

para que as lágrimas

não toquem meus lábios

- sei que você prefere

sorrisos, beijos e palavras

doces.

E hoje eu te desejo

como a um banho fresco,

uma Ceasar Salad,

um suco de uva gelado,

um sorvete de limão,

uma brisa...

Ainda assim, tão ausente,

tão pra-lá-do-Atlântico,

os teus sentimentos estão aqui:

escorrendo pelo meu pescoço,

embaçando a visão,

queimando minha pele,

grudando na minha roupa,

cheirando a flor,

preenchendo o ar estremecido

de um zi-zii-ziii constante,

ensurdecedor.

Enternecedor.

Documentário

As ruas cheiram a jasmim
e para mim
embora os tamborins já se façam ouvir
do Cacique de Ramos ao Bola Preta,
aqui dentro é silêncio.

As cores, os risos e as danças da festa
se vão
em câmera lenta e sem som.
São como o trecho de um documentário
onde uma voz vazia narra
os acontecimentos
e a gente espera o fim
pra entender o sentido de tudo.

E essa espera também cheira a jasmim.
E a protetor solar,
quando o vento vem da praia.

Hoje o dia está tão lindo!...
E o firmamento se pintou
com o azul dos teus olhos
pra fazer meu peito
se dilacerar em saudades,
pra cortar minha alma
com doces recordações.

Enquanto o bloco passa,
eu procuro gaivotas no céu.
E eu só queria uma nuvem
pra macular essa perfeição
e pra pensar que não!!
A vida não é perfeita
nem estes dias são assim tão belos.

Mas eles são...
E o que os torna
ainda mais especiais
é alguém que não os vive,
alguém que não está aqui.

Seja, talvez, esse bem querer,
esse amor,
que me transformam
e emprestam a estes dias
essa melancolia quase alegre,
essa infinitude quase fugaz
que só os documentários
sem som
e em câmera lenta
possuem.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Oração Irlandesa

"Que as gotas da chuva molhem suavemente o seu rosto,
Que o vento suave refresque seu espírito,
Que o sol ilumine seu coração,
Que as tarefas do dia não sejam um peso nos seus ombros,
E que Deus envolva você no Seu manto de amor.

Que a estrada se abra à sua frente,
Que o vento sopre levemente em suas costas,
Que o sol brilhe morno e suave em sua face,
Que a chuva caia de mansinho em seus campos.
E até que nos encontremos de novo...
Que Deus te guarde na palma da mão."