terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Documentário

As ruas cheiram a jasmim
e para mim
embora os tamborins já se façam ouvir
do Cacique de Ramos ao Bola Preta,
aqui dentro é silêncio.

As cores, os risos e as danças da festa
se vão
em câmera lenta e sem som.
São como o trecho de um documentário
onde uma voz vazia narra
os acontecimentos
e a gente espera o fim
pra entender o sentido de tudo.

E essa espera também cheira a jasmim.
E a protetor solar,
quando o vento vem da praia.

Hoje o dia está tão lindo!...
E o firmamento se pintou
com o azul dos teus olhos
pra fazer meu peito
se dilacerar em saudades,
pra cortar minha alma
com doces recordações.

Enquanto o bloco passa,
eu procuro gaivotas no céu.
E eu só queria uma nuvem
pra macular essa perfeição
e pra pensar que não!!
A vida não é perfeita
nem estes dias são assim tão belos.

Mas eles são...
E o que os torna
ainda mais especiais
é alguém que não os vive,
alguém que não está aqui.

Seja, talvez, esse bem querer,
esse amor,
que me transformam
e emprestam a estes dias
essa melancolia quase alegre,
essa infinitude quase fugaz
que só os documentários
sem som
e em câmera lenta
possuem.

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